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5 erros silenciosos que cometemos nos primeiros atendimentos — e como evitá-los

Entrar no setting pela primeira vez é uma mistura intensa de emoção, medo, expectativa e… silêncio. Silêncio dentro e fora.



Silêncio quando o paciente não fala. Silêncio quando ele fala demais. Silêncio quando a gente se pergunta internamente: “Isso que estou fazendo… tá certo?”


É nesse espaço entre o que aprendemos na teoria e o que vivemos na prática que surgem erros silenciosos — sutis, quase imperceptíveis, mas que vão, aos poucos, corroendo a nossa segurança clínica se não os reconhecemos.


E a verdade? Todo mundo cometeu esses erros um dia. A diferença é quem teve com quem aprender a atravessá-los.


Aqui estão cinco dos mais comuns:


1. Achar que precisa ter respostas para tudo

O paciente termina a fala, olha pra você — e você congela por dentro.A mente grita: “Preciso dizer algo inteligente, profundo, transformador!”

Esse erro nasce da confusão entre técnica e performance. Na ânsia de “entregar”, esquecemos que o principal instrumento é a escuta — e que a presença segura vale mais do que qualquer devolutiva apressada.

Como evitar: Confie no tempo do processo. Você não precisa ter uma resposta imediata — você precisa sustentar o que está vivo ali. Supervisão ajuda a separar o que é silêncio terapêutico do que é insegurança.


2. Fazer da empatia um esconderijo

Sim, empatia é a base. Mas às vezes, usamos a empatia como muleta para evitar intervenções que nos deixam desconfortáveis. É quando você percebe que o paciente está preso em um ciclo, mas não confronta por medo de parecer “duro demais”.

Como evitar: Empatia verdadeira também é desafiar com cuidado. A supervisão te ajuda a desenvolver uma escuta que acolhe e movimenta — sem perder a ética nem a delicadeza.


3. Confundir sintoma com demanda

O paciente chega com queixas de ansiedade. Ou de raiva. Ou de relacionamento. Você ouve, acolhe… e entra direto na dor. Mas às vezes, o sintoma é só a ponta do iceberg — e a demanda real está escondida na relação com a mãe, no medo de existir, ou em uma crença profunda sobre não merecer ser cuidado.

Como evitar: Aprender a fazer boas hipóteses clínicas leva tempo — e prática. Supervisão é onde você pode errar, refinar, repensar, sem o peso de estar sozinho com o caso.


4. Se deixar levar pelo afeto (ou pela rejeição)

A gente se conecta. Ou se irrita. Ou sente sono. Ou quer “salvar”. Mas o processo de vinculação está ali — mas, sem supervisão, ela vira um ruído invisível que distorce o atendimento.

Como evitar: Supervisão é o lugar onde suas reações também são escutadas. Porque às vezes o que te incomoda no paciente diz mais sobre o que você ainda está elaborando do que sobre o que ele trouxe.


5. Acreditar que insegurança é sinal de incompetência

Esse talvez seja o erro mais doloroso: acreditar que sentir-se inseguro significa que você não está pronto. E, na verdade, a insegurança é parte do processo de construção clínica. Ela só vira obstáculo quando te paralisa — e não quando te convida a crescer.

Como evitar: Estar em supervisão não te enfraquece. Te fortalece. Te tira do isolamento, amplia tua visão, e te coloca em contato com outras possibilidades de escuta, condução e postura.



Supervisão não é muleta. É musculação clínica.

Você pode ser um ótimo psicólogo em construção — e ainda assim precisar de direção, apoio, escuta e partilha. A boa supervisão te ensina a sustentar o vazio, a nomear o que te atravessa, e a perceber que não existe um “jeito certo de ser terapeuta”, mas sim um jeito seu — com ética, consciência e repertório.


Se você sentiu que esse texto te tocou em algum ponto… talvez seja a hora de pensar em estar acompanhado no processo.

Tem espaço aqui. E ele é seu.


 
 
 

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