A compreensão do que pensamos, sentimos e como reagimos ao que nos acontece é um caminho para o autoconhecimento. Entender que há diferença entre nossas emoções e nossos sentimentos pode auxiliar para que possamos ter uma maior qualidade de nossa saúde mental e, assim, mapear o que pode ser útil e terapêutico em nosso dia a dia.
Podemos iniciar observando que nossas emoções e sentimentos estão estritamente relacionados. Isto porque, como uma emoção gera um sentimento, que por sua vez pode dar início a emoções e, então, há um ciclo psicológico que está em constante desenvolvimento.
Mas é importante saber que uma emoção é uma reação a um estímulo do ambiente. Neste sentido, podem causar experiências subjetivas e até mesmo alterações neurobiológicas, ocorridas nas regiões subcorticais do cérebro. Ao ser exposto a alguma emoção, o cérebro libera hormônios que alteram o nosso estado emocional. Isto quer dizer que podem ocorrer reações físicas, como palpitações, choro, suor e até mesmo dores inexplicáveis, essas reações são automáticas. Ou seja, perante algum acontecimento, cada um passará por uma emoção distinta, que será desenvolvida no cérebro instantaneamente.
Elas são geradas por um conjunto de respostas motoras que o cérebro faz aparecer em nosso corpo como resposta a algum evento que causam as reações físicas. Basicamente, são reações instantâneas que se tem perante os acontecimentos da vida. Apesar de alguns de nós serem capazes de controlar estas reações para que não afetem o mundo ao redor, muitos consideram extremamente difícil manter as emoções sob controle. Assim, você pode perceber alguém com alguma emoção (reação), não vê tudo o que acontece em seu corpo, mas vê uma parte, por exemplo, pode ver o que se passa observando seu corpo, como a pele pode mudar, o que se passa em seus movimentos corporais. Diferente do que acontece quando uma pessoa está sentindo (desenvolvendo um sentimento).
O sentimento é o resultado de uma experiência emocional. Neste sentido, as reações geradas pelas emoções de forma consciente serão os estímulos para a criação de sentimentos. Os sentimentos são formados através de reações geradas de forma consciente pelas emoções. Eles são influenciados, principalmente, pelo nosso histórico, o que inclui, nossas crenças e experiências de vida. Por isso, cada pessoa tem uma reação diferente perante emoções e, enquanto alguns perdem a calma facilmente, outros conseguem manter a tranquilidade. Diferentemente das emoções, os sentimentos podem não ser passageiros e, em alguns casos, podem durar a vida toda. Casos de sentimentos como tristeza podem causar doenças, como a depressão. Apesar de serem menos intensos que as emoções, os sentimentos duram muito mais tempo. Como visto, as emoções são reações do cérebro perante um acontecimento e podem até ser físicas. No entanto, são passageiras e podem gerar sentimentos ou não. Já um sentimento, criado a partir de uma emoção, é duradouro.
Pesquisas científicas já comprovaram que os nossos sentimentos e emoções começam a existir ainda no útero. Na primeira fase da vida, que vai do útero até por volta de sete anos de idade, uma criança registrará as emoções vividas, interpretá-las subjetivamente, de acordo com suas experiências, e, então, criar padrões de sentimentos e comportamentos. Um indivíduo que, durante este período, foi encorajado pelos pais sobre suas qualidades, tem grandes chances de se tornar um adulto mais seguro e consciente de seu corpo e sua saúde.
Dessa maneira, entender a relação entre as emoções e os sentimentos é crucial para o nosso autoconhecimento. O autoconhecimento facilita a relação que um indivíduo tem com os seus sentimentos e emoções. Quando se entende a razão de sentir angústia, medo ou insegurança, por exemplo, é possível racionalizar essas emoções e impedir que elas se transformem em crenças limitantes, aquelas que te impedem de se desenvolver, seja como pessoa ou profissional e que prejudicam sua vida, pois o sentimento é profundo e pode ser disfarçado. Por isso, é de extrema importância ter alguém de confiança com quem a pessoa possa dividir seus sentimentos, quando considerar necessário.
Letícia Martins
É psicóloga graduada pela Unisinos e possui 18 anos de experiência no atendimento a mulheres que sofrem com ansiedade. Ao longo da sua carreira, já atendeu mais de mil mulheres, ajudando-as a superarem os desafios da ansiedade e construírem uma vida mais plena e feliz.
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@psico.leticiamartins
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